Blog: Você participou do movimento “Muda Campos” ao lado ex-governador Anthony Garotinho. Após o primeiro mandato dele, o senhor foi eleito Prefeito com expressiva votação, entretanto houve o rompimento. Quais os motivos que levaram ao racha político?
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"Em 1993 começa o nosso governo, aí começo a conhecer o outro lado do garotinho que eu não conhecia. Obcecado pelo poder, controlador, mais preocupado com o seu projeto pessoal"
SM: O movimento muda campos surgiu a partir de um desejo de mudar a forma de fazer a política na nossa cidade. Nós, um grupo de jovens idealistas, resolvemos arregaçar as mangas e enfrentar os poderosos que sempre decidiram os nossos destinos. No bojo deste movimento emergiu uma liderança forte, corajosa, que se destacou politicamente e eleitoralmente, quando em 1986 se elegeu pela primeira vez como deputado estadual. A partir daquele momento garotinho começou sua trajetória vitoriosa na política. Em 1988 se elegeu pela primeira vez prefeito de Campos, governo no qual ocupei inicialmente a pasta da comunicação, depois a secretaria particular e por ultimo a EMHAB. Neste seu primeiro governo, nós trabalhamos par e passo com os movimentos sociais organizados. Avançamos consideravelmente na construção de dezenas de creches, escolas, postos de saúde, valorização do funcionalismo, etc.... foi neste contexto punjante, de conquistas, que saí candidato a sua sucessão em 1992 e me elegi com 69% dos votos válidos. Em 1993 começa o nosso governo, aí começo a conhecer o outro lado do garotinho que eu não conhecia. Obcecado pelo poder, controlador, mais preocupado com o seu projeto pessoal de ser governador, depois tentar chegar a presidência do Brasil, do que com o avanço das políticas sociais e econômicas da sua terra natal.
Blog: O senhor considera Garotinho o responsável pela imagem um tanto negativa de sua gestão? Tratou-se de uma questão pessoal ou de conflito administrativo?
"ele se sentiu incomodado e passou a: primeiro conspirar nos bastidores, tentando colocar a militância contra nosso governo"
SM: Quando garotinho deixou a prefeitura em 1992, estava com um índice de aprovação do seu governo muito bom. O que ele dizia na cidade quase virava lei, tamanho o seu poder de persuasão e convencimento. Portanto, na medida que eu ia governando de acordo com minhas convicções, ele se sentiu incomodado e passou a: primeiro conspirar nos bastidores, tentando colocar a militância contra nosso governo; depois passou a atacar publicamente nossas ações na medida que se aproximava as eleições de 1996, onde volta a ser candidato a prefeito de Campos para me suceder.
Blog: Um ponto negativo que me recordo, foram algumas ofensas que o ex-governador fez ao senhor em um programa de rádio. Isso gerou alguma ação de reparação de danos?
SM: Com certeza. Logo que vinha sofrendo aquelas acusações caluniosas e difamatórias, ingressei na justiça com uma ação indenizatória por danos morais. Ganhei na primeira instância com a sentença da juíza Dra. Denise Apolinário. O Sr. Anthony Matheus Garotinho recorreu, em breve teremos o resultado.
Blog Muitas pessoas ainda colocam na conta do senhor a paralisação das obras do Teatro Trianon. Trata-se de uma imputação justa?
SM: Costumo dizer que o Trianon foi construído a oito mãos. Garotinho iniciou no seu primeiro governo, depois vem o nosso onde colocamos $ 1.100.000,00 ( um milhão e cem mil reais contabilizados na PMCG), sem nunca, nunca mesmo, termos paralisado esta obra. Depois volta o Garotinho no seu segundo governo e disponibiliza mais recursos e por fim vem Arnaldo, conclui a obra e realiza a sua inauguração.
Blog: Grande parte da sociedade campista confere ao ex-governador Garotinho a viabilidade da implantação da UENF. Essa afirmação é verídica?
SM: A UENF foi fruto de uma grande mobilização popular, onde Garotinho teve participação destacada devido a sua forte liderança. No nosso governo tivemos uma ação decisiva que foi a desapropriação de 500.000 m² para a construção da nossa universidade. Mais ou menos um ano após a desapropriação tive a oportunidade e o prazer, de junto com o professor Darcy e o governador Brizola inaugurar a universidade do terceiro milênio.
Blog: O senhor sofreu duas CPIs na Câmara dos vereadores. Uma acerca de possíveis contratos irregulares e a outra chamada de “CPI das águas”. Qual a leitura que o senhor faz acerca desses episódios ?
SM: Paguei um preço caro por discordar de Garotinho no auge de sua carreira política, isso a mais ou menos 15 anos atrás, na época atitude impensável. Abriram duas CPIs contra nosso governo, respondemos a todas indagações do TCE e do Ministério Público, sem problemas, moral da história: tudo, absolutamente tudo foi devidamente arquivado e posteriormente minhas contas foram aprovadas por unanimidade na Câmara de vereadores de Campos. O tempo provou mais uma vez a perseguição implacável contra mim.
"Paguei um preço caro por discordar de Garotinho no auge de sua carreira política"
Blog: Durante sua gestão, o nosso município não possuía a arrecadação de Royalties que detém atualmente. Mesmo assim, o senhor realizou obras importantes. Cite três e fale sobre elas.
SM: Nós, durante os quatro anos arrecadamos em torno de $ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), quando hoje eles tem isto em 2 meses. Desenvolvemos o conceito de parceria e junto com a iniciativa privada construímos o shopping estrada, dotando Campos de uma nova rodoviária. Também em parceria construímos a orla dois na Lapa, que era um cartão de visitas, infelizmente está abandonada. Fizemos também dentro desta iniciativa a rodoviária do farol. Foram mais de quinhentas ruas calçadas e asfaltadas, mais de quarenta mil metros de galerias pluviais, aumentos anuais para o funcionalismo municipal, vale alimentação e assistência médica hospitalar para estes nossos servidores e os seu familiares. Lutamos e conseguimos trazer o gás para nossas industrias, o heliporto para o Farol de São Tomé, enfim ficaríamos um bom tempo falando sobre nossas realizações num momento de parcos recursos que foram a nossa realidade.
Blog: O senhor é a favor da nomeação de parentes para cargos em comissão na administração pública?
SM: Eu sou a favor de uma equipe técnica competente, com conhecimento sobre a pasta que vai ocupar, sobretudo com espírito público.
Blog: O senhor considera a mídia escrita e falada de nossa cidade independente no que concerne à abordagem política?
SM: Toda mídia é fruto de uma relação capitalista, portanto a nossa não foge a este conceito. Mas devo dizer que muito do que ela fala, do que a gente lê divulgado pela nossa mídia tem contribuído para nossa reflexão e formação da nossa opinião.
Blog: Qual a leitura que o senhor faz acerca da situação de Edson Batista? O Presidente interino da Câmara Rogério Matoso vem conduzindo com maturidade a questão?
SM: As pessoas infelizmente formam, algumas vezes, a sua opinião baseados no que estão ouvindo dizer. É só ler a lei orgânica do município e constatar que o vereador Nelson Naim, presidente da câmara, está provisoriamente substituindo a prefeita cassada até uma nova decisão do TSE ou marcação da nova eleição municipal pelo TRE. Por enquanto, só resta ao Dr. Edson Batista um pouco de paciência para aguardar este resultado.
Blog: Como cidadão campista o senhor é a favor de novas eleições para Prefeito de Campos? Em caso afirmativo, o senhor colocaria o seu nome à disposição do partido?
SM: Nós somos a favor de eleições limpas em Campos, sem abuso do poder econômico, nem abuso do uso da mídia, nem nenhum excesso que se manifeste por parte da classe política. Chegou a hora do povo de Campos mostrar seu valor e dar um basta nesta pouca vergonha.Quanto a ser candidato esta é uma decisão interna, que só o PPS, meu partido, pode decidir.
Blog: Qual a nota que o senhor daria para as gestões de Arnaldo Vianna, Alexandre Mocaiber e Rosinha Garotinho?
SM: Prefiro considerar que são governos que cumpriram uma etapa na nossa cidade, mas que almejamos urgentemente uma nova forma de fazer política, com transparência, com orçamento participativo, com políticas públicas claras para o desenvolvimento sustentável do nosso município.
Blog: Como vice-presidente municipal do PPS, como o senhor analisa as eleições gerais desse ano, principalmente no âmbito estadual. Existe favoritismo de algum candidato?
SM: As pessoas estão se precipitando ao emitir uma opinião sobre os possíveis resultados das eleições. Acredito que a partir da campanha na mídia, aí sim teremos um conhecimento melhor dos candidatos e de suas propostas. Prudência neste momento não faz mal a ninguém.
Blog: Qual a leitura que o senhor faz acerca da Lei da “Ficha Limpa”? Concorda com a sua aplicabilidade imediata?
SM: Claro que concordo. O momento é de fazer uma faxina geral.