Dizem por aí que o cárcere não recupera ninguém e que estar no ambiente prisional só aumenta as deficiências dos presos.
Na prática, famílias inteiras se revoltam quando o assassino dos seus filhos, por exemplo, logo voltam para as ruas e desafiam a todos trazendo para a Justiça a pecha de falida e ineficiente.
Porém, a prisão de alguns políticos, sejam elas oriundas de crimes comuns ou eleitorais traz à tona uma pergunta: a condenação está proporcional ao delito praticado?
Entendo que um político que é condenado por uso indevido de programas sociais, improbidade administrativa ou má versação de dinheiro público deve prestar constas profundas com a Justiça. Sabem o motivo?
Quantas pessoas já vieram a óbito nos hospitais públicos, em suas residências (quando mandados para casa por inexistir leito), quantas deixaram de ser vacinadas e quantos morreram por não haver oxigênio para tratar uma pneumonia. Quantos estão nesse momento em suas aposentadorias e frequentando psicólogos e psiquiatras, devido à incerteza de receberem suas remunerações?
Por trás dessas mazelas há um ou mais políticos que optaram pela ganância desenfreada. Homens públicos de mandato que escolheram o caminho fácil do enriquecimento ilícito, construindo verdadeiros laranjais para escoar a propina surrupiada das verbas destinadas à saúde e a educação.
A loucura pelo poder, aliada a vontade quase viciante de se perpetuar nele, faz com que muitos políticos esqueçam-se dos princípios basilares que norteiam o homem e partem para a insandecedora luta, a qualquer custo, pela ‘mosca azul’ do poder pelo poder.
Diversos municípios brasileiros estão naufragando, em que pese ser de responsabilidades dos gestores que assumiram em 2017, a reconstrução gradativa sem usar como desculpa apenas o legado nefasto deixado.
A prisão de um político que sucumbiu a porta larga da corrupção em suas diversas esferas é emblemática ou taxada de injusta, se não observarmos quantas pessoas de forma direta deixaram - devido à ladroagem- de tomar um medicamento, fazer uma cirurgia, andar em um ônibus de qualidade ou ser assaltado na esquina de sua residência.
Achar que uma prisão, seja ela domiciliar ou não, é desproporcional ao crime praticado é uma grande falácia, pois se observarmos dessa forma e aceitarmos a vitimização como regra estaremos sucumbido ao crime.
Dinheiro público é para ser usado em benefício da população. Ele não pode servir para que os gestores o utilizem para o bem estar privado ou para enriquecer laranjas, que chantageados, ficam a mercê do seu algoz.
Quantos homens públicos nasceram livres e hoje vivem acorrentados pelos erros que cometeram e pelos milhares de pessoas que prejudicaram ao longo de suas carreiras?
Que os políticos brasileiros aprendam com seus cárceres para que a sociedade não seja privada de seu mais profundo e legítimo direito, a vida.
Cláudio Andrade