Câmara dos vereadores: eleição, birra e busca por cargos

Muita agitação nos bastidores para a eleição da nova composição da Mesa Diretora da “Casa do Povo”.

Na última terça-feira, o deputado federal e candidato derrotado ao Governo do Estado do Rio, Anthony Garotinho, realizou dentro do Cesec (Centro Administrativo da Prefeitura de Campos) mais uma reunião com os vereadores da base aliada.

Isso mesmo! Garotinho, na qualidade de prefeito “de fato”, faz reuniões dentro de um prédio público sem que para tanto ostente qualquer nomeação.

Fontes desta Coluna informaram que, na reunião, o líder político foi confrontado por um grupo de vereadores. Em determinado momento, Albertinho, Magal e Gil Vianna foram ameaçados por Garotinho de serem colocados para fora do recinto e ainda chamados de vereadores de Oposição.

Certo que o momento não é fácil para Garotinho que, após duas derrotas consecutivas (como candidato ao Executivo Estadual e apoiando Crivella para Governador), não deseja perder a liderança na Câmara.

Entre os vereadores da Situação, há um ‘racha’ e um grupo formado por Jorge Magal (PR), Gil Vianna (PR), Albertinho (Pros), Alexandre Tadeu (PRB), Dayvison Miranda (PRB), Thiago Virgílio (PTC), Neném (PTB), José Carlos (PSDC) e Miguelito (PP) e Álvaro César (PMN) insinua lançar Genásio (PSC) para a Presidência da Câmara, mas Garotinho rejeita.

Custa-me acreditar no levante desses vereadores pelo simples motivo: todos os representantes do povo que fazem parte da Base, inclusive esses onze, têm pessoas por eles indicadas, na Administração Pública, exercendo funções nas secretarias municipais, nas empresas terceirizadas e nas fundações.

Essa história de bater de frente com Garotinho, tendo como pano de fundo uma hipotética independência, não convence nem a mais inocente criança.

Apesar das derrotas inesperadas, Garotinho ainda manda na Prefeitura e os vereadores querem as vagas oferecidas. Tanto é verdade que muitos consideram ser Situação para uma barganha: dar apoio na Casa de Leis em troca de contrapartida empregatícia. Qualquer vereador que negue isso estará incorrendo em hipocrisia.

Quando esses vereadores deixam vazar essas reuniões por meio da mídia querem, na verdade, usar os meios de comunicação como aliados. Assim, conseguem um canhão para propagar ainda mais o plano de pressão feito ao líder Garotinho.

Não acredito - apesar de que em Política tudo pode acontecer - que esse grupo resista por muito tempo com essa certa independência. E o motivo é simples: vai faltar oxigênio.

Bastarão algumas exonerações publicadas no Diário Oficial para algumas bocas se calarem.

A maioria dos vereadores que fizeram parte das últimas legislaturas abriu mão do direito sagrado, conferido pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica do Município, de fiscalização do Poder Executivo.

Ao contrário: optaram pelo conforto dos cargos ofertados, deixando de lado a bela natureza da função, que é fiscalizar as ações do Executivo Municipal e legislar em favor do povo.

Para prosperidade do movimento dos “independentes”, é preciso o apoio da Oposição. Com apenas poucos integrantes, o quarteto composto por Rafael Diniz, Nildo Cardoso, Fred Machado e Marcão, só terá chances de obter certo poder aliando-se a esse grupo de onze birrentos, formando um bloco de quinze.

Caso haja sessão nas próximas terça e quarta-feiras, há chances de esse grupo de onze vereadores já ter sido dizimado.

Nesse caso, Garotinho, o detentor da ‘chave do cofre’ da Prefeitura, já deverá ter acertado os ponteiros com seus aliados, fazendo com que Edson Batista ou Paulo Hirano – um dos dois somente - seja indicado pelo Grupo para a Presidência da Câmara no próximo biênio 2015/2016.

No que se refere a Garotinho, espera-se coerência, pois enquanto aqui, ele faz pressão contra os partidos não alinhados - inclusive o PT do vereador Marcão -, em Brasília, segundo o Globo online, seu nome está cotado para o Ministério dos Transportes. Ou seja: os adversários, na visão de Garotinho, são escolhidos de acordo com as situações.

Pois é, caros leitores: ser bondoso só quando lhe é conveniente não é bondade. É oportunismo.

Cláudio Andrade