O Presidente da Câmara de Vereadores Edson Batista demonstrou dificuldade em separar amizade, múnus público e linha política.
Ao tomar ciência de que três vereadores de sua base não conseguiram reverter no TRE/RJ os efeitos da decisão proferida em primeira instância pelo magistrado Ralf Manhães – que os impediu de serem diplomados e de continuarem no cargo de vereador- Edson emitiu estarrecedora nota ‘oficial’.
Noticiou que não irá mais presidir nenhuma sessão no Legislativo até que os vereadores, afastados das funções por decisão judicial, voltem às atividades.
A decisão de Edson Batista não é a de um presidente e sim de um amigo que se encontra solidário aos seus companheiros que estão enfrentando um momento especial perante à Justiça eleitoral.
Não podemos nos esquecer de que Edson Batista deixará no dia trinta e um de dezembro a presidência da Câmara com um sério litígio com os concursados e, agora, com os assessores parlamentares, que estão sem o salário de dezembro e o décimo terceiro.
Notem que a argumentação de Edson de que as exonerações dos assessores foram devido à posse dos concursados não se sustenta. Motivo: o pagamento dos assessores já estava previsto no orçamento da Câmara via repasse anual feito pelo executivo e o pagamento dos concursados, através de dotação orçamentária, prevista antes de o certame ter sido realizado.
Nesse momento, em que pese à declaração de amizade de Edson aos seus pares, há assessores precisando sustentar seus familiares e não poderão contar com os salários e décimo terceiro, direitos esses, consagrados.
Além disso, os concursados, que há anos sofrem com o descaso do legislativo, também não sabem quando irão, de uma vez por todas, exercerem os cargos em que foram aprovados mediante concurso de provas e títulos.
A cortina dessa legislatura vai se fechando e deixa um gosto amargo de intervenção explícita do executivo nas ações da Casa do Povo. Foram oito anos em que os desejos públicos e privados da ex-governadora e seu grupo foram impostos aos edis, como se os mesmos fossem apenas, asseclas e não representantes do povo.
Na semana que vem há necessidade de termos sessão, pois vários assuntos ainda precisam ser tratados antes da virada do ano. Pelo visto, – caso nas últimas horas não houver decisão judicial favorável aos vereadores afastados-, caberá a ex-secretária de educação Auxiliadora Freitas a incumbência de presidir a Câmara.
Para ela, de forma respeitosa, deixo um trecho da música Roda Viva de Chico Buarque:
“A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá”
Quem venha 2017.
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oi