No último Sábado um amigo meu foi assassinado na Praça do Liceu. Estava acompanhado de outro Jovem, também ferido de morte. O fato causou uma grande comoção, afinal era um rapaz conhecido na sociedade e filho de família tradicional. Um ponto a ser destacado é o lugar. Local nobre nunca dantes tão mal falado.
Bem! Trata-se de um caso isolado? Não. Vários jovens são assassinados em toda a extensão de Guarus. Mortes terríveis, similares ou até piores, à submetida ao meu amigo Rodrigo. Somente nesse mês de Novembro já foram computados treze homicídios.
O alto índice de homicídios nunca foi baixo. O que está começando a incomodar a sociedade são os locais de prática e as vítimas. O Liceu, 28 de Março, Avenida Pelinca e Alberto Torres são locais em que o imaginário da sociedade campista não aceita o sinistro de um homicídio.
Tratam-se de locais intocáveis, onde atos bárbaros são coisas de ficção. Cinema mesmo. Filmes para assistir comendo pipoca.
Nessa acomodação é que 'mora' o perigo. Campos dos Goytacazes se encontra violenta por inteiro. Assaltos são praticados na saída das escolas e nos sinais de trânsito. Flanelinhas loteiam os espaços públicos e recebem de seus comandados a feira no final do dia. Caso não haja comissão, a pena varia de um simples castigo, à morte. Isso já aconteceu na Pelinca, você sabia? Sem contar o transporte clandestino que também faz vítimas veladas pela cidade.
Passou da hora de haver uma mobilização popular. Vamos aproveitar que a classe, dita 'sociedade' começa a 'sentir' os efeitos da violência, para buscarmos uma resposta dos poderes constituídos.
O número de Guardas Municipais em Campos é surreal. Se algum deles estivesse na praça do Liceu, inibiria a ação dos homicidas de Sábado?. Em frente ao Palácio da Cultura existem uns dez, entre guardas e fiscais. Todos juntos, no mesmo lugar, conversando com os motoristas de táxi.
Estamos diante de uma desordem social extrema. Além dos problemas administrativos que redundaram na dispensa de 6.099 contratados e de mais de 330 profissionais do PSF, nossa cidade agora enfrenta, do lado de cá, a criminalidade.
As vezes aprendemos com a dor. Será que iremos esperar por mais óbitos do lado de cá? Do lado de lá, isso já é rotina e infelizmente nada foi feito. Quantas mães residentes em Guarus já enterraram seus filhos vítimas da violência urbana? Hoje somos todos reféns, e quanto a isso não há desculpas. É fato.
Vidros escuros, seguranças particulares, grades, cercas elétricas e a vida em condomínio são consequências de uma cidade que, ao meu sentir, só absorveu o ônus do crescimento. Uma cidade partida politicamente e que se torna agora, uma cidade violenta, onde os atos costumeiros típicos de uma cidade do interior desaparecem de forma coercitiva, devido à bandidagem e diante do silêncio covarde das autoridades.
Mesmo sendo a Segurança Pública dever e competência do Estado, nós munícipes temos que agir rápido e criarmos formas de contenção à violência. Uma das formas mais eficazes e legítima é manifestação via entidades de classe. CDL, OAB, Lions dentre outras, devem ajudar a sociedade nessa mobilização.
Quantos mais precisarão morrer do lado de cá, para que 'acordemos' para o acontece do lado de lá?
Cláudio Andrade.