quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Não podemos viver de heranças públicas


O escritor sueco August Strindberg (1849/1912) dizia que em sua obra “Senhorita Julia” que superstição e preconceitos não podem ser extirpados de uma hora para outra.

Trata-se de uma grande verdade e a política é um grande exemplo disso. Nela, ainda existem pessoas que para alcançarem um mandato eletivo trabalham as fraquezas dos menos favorecidos para alimentarem seus sonhos de poder.

Passeiam pelas comunidades e por áreas de enorme vulnerabilidade com remédios paliativos que apenas conferem sobrevida para aqueles que não querem somente sair do estado de miserabilidade. Querem independência.

Na atual conjuntura que vive o município de Campos dos Goytacazes, qualquer coisa que seja realizada pelo Prefeito Rafael Diniz e pelos vereadores de sua base (me incluo nesse grupo) será pouco diante da desestruturação herdada.

O romancista Ramón Del Valle-Inclán (1866/1936) foi cirúrgico ao dizer em sua obra “Luces de Bohemia” que as mais belas imagens ficam absurdas se refletidas num espelho côncavo.

Assim estamos hoje, no contexto municipal. Há desespero por vagas de emprego, por saúde de qualidade, por pagamento, enfim, por dignidade no sentido abrangente da palavra.

Verdade que não podemos iniciar essa jornada com o discurso cansativo de que tudo é culpa do passado. Na verdade é, mas é preciso encarar os obstáculos e conseguir passar para a população que o novo chegou e precisa de tempo para inovar.

Precisamos ser capazes de sentir alegria com a alegria do outro e esse é o segredo da felicidade. Na qualidade de vereador venho lutando para constatar nos olhos dos outros a alegria de dias melhores, mas isso não é simples e não ocorre com um estalar de dedos.

Guardo com carinho a célebre frase do romancista Sul africano (1903/1988) Alan Paton: “desistir de reformar a sociedade é desistir de suas próprias responsabilidades como homem livre”.

Amanha serão iniciadas as sessões na Câmara dos Vereadores e espero que possamos inaugurar uma nova fase. Precisamos de um novo tempo e de uma nova forma de fazer política.

O escritor italiano Giorgio Bassani (1916/2000) disse que o nosso defeito é seguir em frente com a cabeça eternamente virada para trás.

Não vou esquecer o que os governos passados fizeram com a minha amada Campos dos Goytacazes, mas, também não me permitirei ser um homem público de heranças.

Claudio Andrade.

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