O modelo campista de políticas públicas se esgotou com práticas populistas, excesso de gastos inexplicáveis numa economia que cria poucos empregos de qualidade na atividade produtiva industrial. Nos últimos oito anos, o poder público local movimentoumais de 20 bilhões de reais, incluindo três empréstimos, em apena dois anos.
As três operações totalizam mais de R$ 1,0 bilhão. Segundo a OMPETRO, os juros das operações remanescentes com a Caixa Econômica Federal são de 19% ao ano. Assim, o valor final de dívida chega a um montante assustador: R$ 1,8 bilhão, a serem amortizados em dez anos, com recursos da indenização da produção futura do petróleo. Como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estima, para 2017, um orçamento de 1,6 bilhão de reais, o cobertor vai ficar muito curto para o próximo gestor da cidade.
A cidade vive o drama de uma família endividada no "cheque especial". No sufoco.
Como o poder público local responde por 1/3 da demanda do comércio local, a recessão tende a ser ainda maior do que a que sentimos hoje na economia campista. O ajuste pode ser brutal e uma atmosfera de “quarta-feira de cinzas”deve vigorar em 2017.
Nesse quadro de perplexidades, o novo titular vai ter que realizar uma auditoria de todos os atos do governo anterior nos últimos doze meses.Desmontar a “caixa preta”.
Contabilizar as dívidas financeiras e operacionais. Entender a rigidez das despesas prioritárias e inflexíveis. E avaliar os espaços a curto e médio prazo para entrarem em vigor as prioridades do novo governo, pactuadas com a população.
Somente assim poderemos ver iniciadas as ações básicas do novo governo –especialmente nos investimentos em obras.Nesse contexto, a ordem será dialogar com as forças vivas da sociedade,cortar custos e gastar com mais critério e transparência.
Ranulfo Vidigal – economista, analista político e mestre em políticas públicas pela UFRJ.
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