quinta-feira, 19 de maio de 2016

HGG com 92 mortes em 52 dias e médicos pedem maior adicional de insalubridade


Imoral e inconcebível ler no Portal da Transparência que Rosinha pagou R$ 504 mil em aluguel de veículos, enquanto uma vacina de meningite “Meningo B”, que não é ofertada na rede pública, custa, no setor privado, R$ 680.

Importante dizer que é obrigatório ministrar duas doses, logo os pais precisam desembolsar R$ 1.360 se desejarem imunizar seus filhos,.

A “meningo ACWY”, que também não é oferecida pela Secretaria de Saúde de Campos, custa R$ 400, sendo dose única. Logo para imunizar, por completo, nossos filhos, um chefe de família tem que desembolsar, por cada prole, R$ 1.760, valor correspondente às citadas vacinas de meningite que não estão disponíveis de forma gratuita.

Outro fato aterrador se refere ao número de óbitos que estão ocorrendo dentro do HGG (Hospital Geral de Guarus).

Desde o dia 22 de março até o dia 11 de maio do corrente ano já morreram 92 pessoas no HGG.

Os dados em poder dessa Coluna, por si só, já são merecedores de uma atuação contundente do Ministério Público, haja vista que há necessidade de averiguarmos quantos desses óbitos foram oriundos das enfermidades em si ou ocasionadas por questões alheias às patologias.

Por exemplo, um hospital ficar meses sem autoclave é arriscado, pois o material esterilizado vem das mais diversas unidades, causando inúmeros riscos aos pacientes. Será que a autoclave do HGG está funcionando?

Os estabelecimentos hospitalares públicos precisam ter leitos de isolamento regulamentados. Isso faria com que os pacientes com doenças infecciosas não tivessem qualquer contato com os demais. Será que no HGG essa área está sendo utilizada de forma correta? Qual o parecer do setor de engenharia acerca do leito do HGG considerado, em tese, como sendo de isolamento?

Será que devido a isso os médicos não estão conseguindo aumentar a insalubridade de 20% para 40%?

O conceito de insalubridade é dado pelo artigo 189 da Consolidação das Leis do Trabalho, nos seguintes termos: "Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos".

Os hospitais também precisam de climatização. No HGG, que foi projetado para ventilação natural, essas normas estão sendo aplicadas ou profissionais e pacientes estão convivendo dentro de uma verdadeira ‘estufa’?

Os hospitais de grande porte precisam monitorar a entrada e a saída dos acompanhantes, pois o acesso descontrolado pode fazer com que essas pessoas tragam bactérias para dentro da unidade, mesmo que de forma involuntária. A direção do HGG está cumprindo à risca essa questão?

Importante ressaltar que além das necessidades acima descritas, esses hospitais precisam ter um infectologista e uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. O HGG conta com esse profissional ou já implantou essa comissão?

Não custa lembrar que, em nosso município, a quantidade de pessoas que vivem em localidades sem água potável e esgoto tratado é surreal. E isso faz com que milhares de pessoas sejam expostas a enfermidades, diante dos olhares passivos de nossos gestores.

Por que não premiar quem cuida de sua saúde de forma preventiva? Por que não criar um quadro de metas para o cidadão campista realizar após sua consulta anual e ser incentivado também para atingir seu objetivo na consulta do próximo ano?

Não cabe a esse colunista contestar os motivos pelos quais as mortes ocorreram no HGG, por um simples motivo: incapacidade técnica.

Todavia, contra fatos não há argumentos. Os óbitos ocorreram e se faz urgente uma minuciosa vistoria no HGG, com a colaboração da direção, para que os cidadãos contribuintes e possíveis pacientes tenham a segurança de poder contar com um hospital detentor de profissionais e estrutura apta a nos atender.

Como bem disse o escritor Max Diniz Cruzeiro: prevenção é mais barato, menos traumatizante e mais humano como método eficaz de manutenção da vida.

Por mais saúde e menos mortes.

Cláudio Andrade.

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