A política é a arte de conciliar contrários e quanto a isso não restam dúvidas. Também é notório para aqueles que trabalham com essa polêmica ciência que aqueles que hoje estão na Situação podem, amanhã, estar na Oposição e vice-versa.
Em Campos dos Goytacazes, por ‘longo e tenebroso inverno’, a Câmara de Vereadores foi considerada o legislativo detentor de um “rolo compressor” comandado por Rosinha Garotinho.
Durante anos, todas as mensagens enviadas pelo Poder Executivo à ‘Casa do Povo’ eram aprovadas, mesmo se houvesse textos passíveis de contestação ou de riscos prejudiciais à sociedade ou ao erário.
Diante dessa constatação, não estou conseguindo ainda - por uma questão de lógica, de justiça e em respeito aos meus leitores - acreditar nessa mudança imaculada dos vereadores ‘independentes’.
A saída dos vereadores Albertinho, Magal, Gil Vianna, Tadeu Tô Contigo, Dayvison Miranda e Genásio da base de apoio ao governo municipal não foi algo gradativo e construído após debates acerca de projetos e indicações.
O rompimento ocorreu após a polêmica sessão que aprovou, por maioria absoluta, o direito de Rosinha adquirir, junto ao mercado financeiro, mais um empréstimo.
Vale ressaltar que, dias antes, na própria Câmara, esses mesmos vereadores, que hoje se posicionam como independentes, permitiram que o marido da prefeita promovesse, dentro da casa do povo, uma reunião com a Situação, para que a mensagem requerendo o direito ao empréstimo fosse aprovada sem sustos.
Nesse contexto - apesar dos esforços desses dissidentes legisladores em se apresentarem para a sociedade de forma mais livre das amarras governistas - considero precoce reconhecermos esses detentores de mandato como os novos parceiros fiéis da Oposição.
Muitos desses independentes estão ‘sofrendo na carne’ os reflexos de não respeitarem as ordens dadas pelo chefe político do grupo. Esses vereadores - que votaram contra ao pedido de empréstimo - estão tendo seus indicados exonerados de forma sumária dos cargos exercidos na administração pública.
A sociedade precisa acompanhar como esses vereadores passarão a fazer política sem que haja a possibilidade de indicações dentro da administração e das empresas terceirizadas.
Para esses que abandonaram Rosinha, o retorno ao colo governista será, a meu ver, suicídio eleitoral. Por outro lado, a marca de ‘independentes’ é a prova cabal de que esses vereadores ainda estão em cima do muro.
A posição futura desses vereadores que deixaram o governo precisa ser de Oposição. Em 2016, teremos um novo pleito eleitoral e diante do caos administrativo em que vivemos, será importante sabermos a posição de cada vereador que for buscar a reeleição.
Por isso, necessário se faz, olharmos esses parlamentares com reservas, por enquanto, para que o tempo - um dos senhores da razão - nos mostre as faces reais desses outrora ‘defensores apaixonados e implacáveis’ de uma administração ‘equivocada’.
Cláudio Andrade
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