Com quadro de paralisia cerebral, o desenvolvimento da menina Juliana Faria Mendonça, de oito anos, enfrenta ainda mais obstáculos por causa falta de suporte do poder público em Campos. Sem coordenação motora nos braços e pernas, Juliana vive acamada, não sai de casa e depende de ajuda para todas as atividades. Mãe da criança, a dona de casa Flávia Faria diz que já abriu dois processos para buscar os medicamentos e tratamento necessários para a filha. Um deles, ainda segundo ela, teria desaparecido da Secretaria Municipal de Saúde de Campos.
A criança fica todo o dia em um colchonete sobre uma cama, enquanto o indicado seria um colchão especial. No quarto, dois ventiladores e um nebulizador auxiliam para o bem estar da menina. As refeições e trocas de fraldas são feitas ali mesmo. Na hora do banho, a mãe desce uma escada com a criança no colo até chegar ao banheiro, onde coloca Juliana em um tipo de ‘esqueleto’ de bebê-conforto. Durante a noite, as convulsões são comuns. Por isso, a mãe divide a cama de casal com Juliana e outra filha de dois anos. O pai e a terceira filha, de seis anos, dormem no quarto ao lado.
“Minha filha não vive, ela vegeta na cama. Uma criança com este problema pode ter uma vida estabilizada, caso tenha a cadeira de rodas e o suporte necessário. Para sair, ela tem que ir no colo. Se ela tivesse o que precisa ia poder estudar, passear e participar de outras atividades. Ela não convive com pessoas, convive com o quarto. A Juliana tem uma dificuldade e precisa de ajuda”, desabafou a mãe.
Para tentar amenizar a situação, Flávia contou que abriu um processo na Secretaria de Saúde de Campos em 2011. O orçamento dos medicamentos e leite para um mês de uso ficou em R$ 2.553,70. Já o custo de itens, como cadeira de rodas, oxigênio, cama especial e outros, soma mais de R$ 50 mil. O valor para a dona de casa e o marido – que vive de biscates – seria impossível conseguir. O problema é que o processo na Secretaria de Saúde simplesmente desapareceu.
“Fui lá e me disseram que o processo não existe, mas tenho todas as cópias. Em 2013, abri outro processo, desta vez na Defensoria Pública. Atualmente, consigo medicamentos e leite, mas às vezes faltam. É muito complicado”, afirmou Flávia.
Outra dificuldade enfrentada pela família é com o acompanhamento médico da menina. Antes, ela era tratada por uma equipe do Hospital Sarah Kubitschek, que fica no Rio de Janeiro. O transporte para o local, antes oferecido pela Prefeitura de Campos, foi suspenso em janeiro e desde então o acompanhamento médico também foi interrompido.
Prefeitura rebate queixas
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campos informou que o transporte para o tratamento no Rio de Janeiro está à disposição da paciente. A prefeitura disse também que vem cumprindo todas as etapas e trâmites administrativos para a aquisição da cadeira de rodas, e que o processo segue o fluxo normal de atendimento e está em fase final de licitação.
Sobre o leite especial, a nota diz que “a paciente nunca abriu processo administrativo para a Gerência de Nutrição. Ela foi atendida em julho de 2014 e depois de ter recebido a fórmula especial, o setor não foi mais procurado por familiares da paciente”.
Sobre os outros equipamentos e medicamentos, a prefeitura não comentou.
Terceira Via
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