Por Cláudio Andrade
No último sábado, o brasileiro Marco Archer foi executado pelo governo Indonésio por tentar entrar no país com treze quilos de cocaína.
Milhares de nacionais da terra tupiniquim, inclusive diversos viciados na droga, estão concordando com a medida e acham que no Brasil, a legislação deveria ser a mesma, levando ao pelotão de fuzilamento seus traficantes.
Como advogado, professor universitário e, sobretudo, como pai, sempre tive receio de chancelar legislações estrangeiras sem antes fazer a seguinte pergunta: caso fosse o meu filho, eu concordaria com a sua execução por esse crime?
No Brasil, a pena capital para crimes comuns foi extinta em 1890, após a proclamação da República, havendo essa reserva apenas por conta da previsão constitucional da pena de morte em casos de guerra declarada (artigo 5°, inciso XLVII, alínea “a”), mantida até os dias de hoje.
Mesmo assim, considerar que, no Brasil, a pena de morte não existe é fechar os olhos para uma série de sentenças do tráfico, ordenando matanças em todo o território. Penas de morte são dadas, todos os dias, na Baixada Fluminense e nos morros cariocas.
Na periferia de São Paulo, as facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) ditam regras para um ‘estado paralelo’ e, de dentro dos presídios, ordenam chacinas de famílias inteiras, visando à ocupação de território ou a eliminar concorrentes.
Pois bem. De volta ao cenário do brasileiro executado na Indonésia, entendo que a pena de morte não é o melhor mecanismo para que haja uma redução no tráfico de entorpecentes.
O usuário, aquele que alimenta os traficantes, é um doente e é estatística de saúde pública. Além disso, falar da Saúde no Brasil é o mesmo que caminhar em areia movediça, dado o caos em que se encontra.
Se analisarmos bem toda a estrutura do tráfico, verificaremos que o esquema envolve integrantes dos poderes constituídos, da sociedade abastada e lá no final, na ponta da sujeira, estão o traficante e o usuário.
Isso ai. No Brasil, o tráfico é um negócio fabuloso que gera lucros exorbitantes.
Dentro desse contexto, concordar com a implantação da pena de morte no Brasil uma vez que, na Indonésia ela é permitida, torna-se simplório demais.
Todos os pais estão sujeitos a ter filhos envolvidos com drogas uma vez que este é um dos maiores males do século e não escolhe nível social, cor nem credo. Por isso, é tão importante manter os canais de informação e os investimentos na área de saúde.
Não há possibilidades de extinção do tráfico, pois nunca teremos uma sociedade ‘limpa’. A droga está entranhada no seio social de tal forma que precisamos combatê-la, reconhecendo que se ainda não fomos vítimas dela, poderemos ser um dia.
Aceitar que homens e mulheres sejam executados em nome de um projeto governamental de combate ao tráfico é de uma irresponsabilidade tamanha.
Na verdade, precisamos trabalhar a área de Saúde de nosso país, incentivando o trabalho preventivo e curativo de nossos cidadãos no que concerne ao malefício das drogas.
Só assim, com homens e mulheres livres do toque da droga, poderemos exterminar os traficantes que estão sempre à espreita esperando um viciado.
Nosso país deveria pensar em executar projetos a favor da Saúde Pública e não os cidadãos que clamam por ajuda. Infelizmente, morre o homem, mas não morre a doença do vício pela droga.
Cláudio Andrade
E caro blogueiro, mas, o governo brasileiro, de acordo com os telejornais estaria interfirindo na soberania desse país, a Indonésia.
ResponderExcluirCaso a Indonésia, perdoasse o brasileiro, fuzilado, estaria abrindo precedentes, para que centenas, ou, até milhares de traficantes estrangeiros entrem naquele pais, levando o vicio e ainda saíam com os bolsos cheios e dexem de legado, doenças provocadas por tais drogas.
Se o governo indonesio livrasse o brasileiro, estaria sendo injusto com sua população, já que para os nascidos naquele pais, caso sejam pegos traficando a pena aplicada, será a pena de morte. Logo porquê tratar de modo diferenciado o bandido estrangeiro ?
Muito bom Dr. Cláudio. Mas sabemos que todos nos corremos o risco quando tomamos algumas atitudes. Nesse caso, era do conhecimento dele a condenação. Infelizmente correu o risco e se deu mal! Sabemos que Deus também é contra a pena de morte. Assim sendo acho que cabe a nós tentar fazer alguma coisa para solucionar o problema. Na minha modesta opinião os presídios deveriam ser AGRÍCOLAS. Todos teriam que plantar para comer. Só assim pensariam duas vezes antes de praticarem algum delito.
ResponderExcluirNao matam traficantes, mas estes matam, com ou sem bala, milhares de filhos por ai, pois a droga mata a cada dia, esse brasileiro traficando, receberia seu dinheiro, mas tb mataria inumeros filhos com essa mesma droga
ResponderExcluirAté quando vamos considerar o viciado como sendo um doente ? Muitos deles recebem várias chances para recuperação(internações em clínicas especializadas p/ dependentes qúímicos por longo período e na maioria das vezes custeadas pelo poder público).Basta receber alta e correm atrás da droga e sempre rotulados de doentes.Não acham que deveríamos imputá-los uma dose de responsabilidade nessas recaídas?
ResponderExcluirCertamente a tristeza tomou conta da família, desse traficante brasileiro fuzilado na Indonésia.
ResponderExcluirEntretanto, milhares de famílias brasileiras, já choraram a perda de seus filhos para o vicio, estimulados pelos traficantes. Milhares de famílias brasileiras, já choraram a morte de seus filhos, que eram viciados, , porém, por não pagarem a compra da droga, que consumiram, foram assassinados, pelos traficantes, ou, a mando, de tal traficante.
Logo, quando se morre um traficante, muitas vidas de inocentes, são poupadas.
Correto anônimo das 23:18.
ResponderExcluirAcrescentando : quantos filhos de policiais, estão órfãos, porque foram mortos, por traficantes ?
Quantas famílias tiveram, que abandonar suas singelas moradias em areas de riscos (favelas), por determinação desses bandidos, os traficantes ?
Quantas pessoas de bem, já foram assaltadas e mortas (latrocínio), por traficantes, ou ate por viciados, que deviam ao tráfico ?
Enfim, esse é o "bem", o "respeito", que o traficante tem com seu próximo.
Mas a discussão não é sobre paternidade. E se seu filho fosse vítima desse traficante?
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