O Instituto de Pesquisas IGUAPE realizou, entre os dias nove e onze do corrente mês, uma avaliação acerca da atuação dos vereadores da Câmara de Campos e o resultado foi surpreendente. De acordo com os dados, 0.8% da população considera ótima; 5.8% boa; 23.8% regular; 22.3% ruim; 17.6% péssima e 29.6% não opinaram.
Diante dessa aferição, pode-se constatar que somente 6.4% dos entrevistados veem com bons olhos a atuação de nossos representantes municipais. Enquanto isso, quase 40% da população encara a legislatura atual como ruim ou péssima.
Trata-se de um resultado alarmante, partindo do princípio de que os atuais edis não cumpriram sequer dois anos de mandato. Quais seriam os motivos pelos quais a população campista tem uma visão funcional negativa de seus eleitos?
Entendo que a relação desproporcional entre Situação (com vinte e um vereadores) e Oposição (apenas quatro) pode ser um dos ingredientes para essa constatação.
Outro ponto que não pode ser descartado é a quantidade de pedidos de informação negados pela Situação. Investimentos, obras e licitações são temas que os vereadores da Base se negam sistematicamente a informar.
E pasmem: há pedidos, pautados na Lei de Acesso à Informação, pendentes de resposta pela Comissão de Fiscalização, presidida por Thiago Virgílio.
Outro ponto a ser citado é a não convocação, até o presente momento, dos aprovados no concurso público realizado pela Câmara. Alguns dos aprovados já obtiveram decisão judicial favorável, mas ainda não estão exercendo os respectivos cargos.
Concomitante a isso, tem-se a evasão de alguns vereadores da Câmara. Isso porque, ao invés de exercerem os cargos para os quais foram eleitos, optaram por Secretarias Municipais, deixando de serem fiscalizadores do Poder Executivo para serem fiscalizados.
Vale ressaltar, ainda, que muitos vereadores almejam ser deputado estadual ou federal. Ou seja, querem disputar as eleições gerais de 2014 para os parlamentos mesmo tendo sido eleitos para o municipal. Aos olhos da população isso soa como quebra da confiança a eles creditada no momento do voto.
Ainda nessa linha, com o advento do imediatismo proporcionado pela internet, a população tem acesso mais fácil e, por vezes, até real aos trabalhos legislativos na Casa do Povo. Todas as sessões da Câmara estão sendo transmitidas ao vivo; fato até bem pouco tempo tido como improvável.
Esse acesso em tempo real deixa os vereadores expostos a uma crítica mais palpável e verossímil. Agora, os vereadores além de estarem legislando na Casa do Povo, adentram a residência da população e não mais somente em ano eleitoral.
Com o resultado dessa pesquisa, os edis precisam de alerta. Não há mais espaço para protocolos protelatórios.
Hoje, o povo quer saber mais e tem direito a isso. A sede de informação é proporcional à sede de justiça cuja prática começa no Legislativo e deve terminar no Judiciário.
Que a pesquisa do Iguape sirva para uma reflexão eficaz e produtiva por parte dos nossos vereadores. Um povo informado e esclarecido ameaça a estabilidade do poder e por consequência, a tranquilidade do agente público eleito pelo voto popular.
A indignação é um poder e quando o povo tomar consciência disso, uma verdadeira revolução, seja ideológica ou política, abalará a zona de conforto daquele representante que continuar atuando de forma retrógada.
Cláudio Andrade.
A pesquisa do Iguape foi publicada originariamente no "Blog da Coluna".
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