segunda-feira, 24 de junho de 2013

Os ‘cabruncos’ de ontem e os de hoje.


Jornal Terceira Via


Nos idos da década de oitenta, quando Garotinho foi pela primeira vez eleito prefeito de Campos dos Goytacazes, parte de sua campanha combateu de forma ferrenha os usineiros e o então líder político local -Zezé Barbosa- (administrador de nosso município por quatro vezes).

Àquela época, os “cabruncos” envoltos no rótulo de ‘Muda Campos’ tinham, em seu grupo, o próprio Anthony Matheus Garotinho (atual Deputado Federal), a Prefeita de Campos Rosinha Garotinho, José Carlos do Couto Alves (‘Ferrugem’/ex-vereador), Ranulfo Vidigal (ex-prefeito de São João da Barra), Sérgio Mendes (ex-prefeito de Campos), Ana Lúcia Boynard (ex-presidente da FENORTE), Alcione Athayde (ex-deputada Federal), dentre outros.

Posteriormente, os antigos “cabruncos” descobriram que fizeram parte de um projeto que levou o líder maior (Garotinho) com erros e acertos a tornar-se um político de renome nacional. Os “cabruncos” do “Muda Campos” contribuíram e muito para o crescimento de nosso município em que pesem seus deslizes naturais e inerentes a qualquer ser humano.

Hoje, o movimento “Cabruncos Livres” surge de forma bem diferente do antigo. Dessa vez, não há um líder e sim, um foco: as três esferas administrativas para onde se direcionam reivindicações diversas.

Ressalta-se que por esses manifestantes residirem em Campos, maior parcela dos reclames é de âmbito municipal. Além disso, o movimento “Cabruncos Livres” ainda não tem cor partidária e se assim continuar, renderá bons frutos.

Constatei isso na última caminhada a qual acompanhei de perto onde ficaram evidentes o forte desejo de mudança e um questionamento fundado da população.

Na caminhada, estavam ex-vereadores, ex-candidatos a prefeito e, sobretudo jovens e chefes de família cansados de práticas políticas eternizadas; práticas essas que podem até beneficiar uma certa camada social, mas não liberta a população carente de jugos assistencialistas, o que, por via transversa, nutre governos pelo país afora.

Enquanto isso, devido à presença nessas manifestações de políticos hoje sem mandato, alguns integrantes do atual grupo político que administra o município tenta dar conotação partidária a essas manifestações, o que deve ser visto com preocupação.

Com esse discurso, eles querem também minar a revolta popular, subestimando, inclusive, a votação dos políticos presentes. Ora! Grande incoerência! Se eles foram pouco votados, como levaram tantos cidadãos às ruas em manifesto protesto?

Em verdade, os não partidários constituem a grande parcela que grita, reclama e sonha com uma Administração eficaz e que dê um custo benefício concreto ao povo.

A tentativa indevida da atual Administração em dar cor partidária a essas manifestações representa o intuito de descaracterização da vontade natural e verdadeira da população de nosso município em querer mudança.

As motivações são várias e a população votante está se fazendo forte sem necessidade de qualquer partido em apoio ou em‘figuração’.

Concurso Público da Câmara de Campos ainda sem solução, Aeromóvel de Rosinha, questionamentos na aplicação dos Royalties, Casos GAP e Expoente, inúmeros aluguéis feitos pela Prefeitura, morosidade na marcação de consulta médica, escassez de remédios nas farmácias públicas, poluição na Beira Valão mesmo com obra realizada, demissões no Porto do Açu, violência crescente no Estado, remuneração baixa dos professores municipais e estaduais são itens que estão ensejando os protestos contundentes em nosso município.

Esses itens devem ser debatidos também nas escolas, nos clubes de serviço, nas entidades de classe, nas Igrejas, nas repartições públicas e em cada canto de nossa cidade.

Os ‘cabruncos’ de ontem terminaram no poder e deram ar partidário ao movimento. Os de hoje não possuem uma plataforma de poder por trás dos gritos e se assim se mantiverem, farão por excelência o diferencial de um protesto popular.

Não é preciso ter mais líderes políticos. Do que se precisa é de administradores compromissados. Já há leis o bastante. O que se prega agora é a sua efetiva aplicação.

Não representamos a ‘pátria de chuteiras’ e sim, homens e mulheres ávidos por respeito e qualidade de vida. Os cabruncos de hoje acordaram e não deixarão os de amanhã dormirem enquanto há vivos ferozes no poder.

Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive para a política ou se vive da política”. Esse sábio comentário de Max Weber ilustra bem o momento atual em nossa Campos dos Goytacazes e esperamos que a vitória esteja a caminho.

Cláudio Andrade

Um comentário:

oi