quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Beijo não tem idade



Jornal Terceira Via 
Por Cláudio Andrade

Na semana passada, assisti a uma cena inusitada: um casal de idosos caminhava pela calçada, abraçados, e de repente, deram um beijo na boca digno das grandes películas, e daqueles de causar vontade em qualquer um. Quantos casais, nos dias de hoje, não se dão mais ao luxo de um beijo ardente?

É certo que o desejo do primeiro ano de relacionamento não é tão intenso após um longo tempo de convívio. Mas manter a ‘chama’ acesa é algo primordial e uma prova de amor. O beijo do qual fui testemunha ocular me levou à seguinte reflexão: por que nos esquecemos dos momentos mais simples em detrimento ao enfadonho cotidiano materialista?

Assistir a um casal de idosos beijando de forma ardente enseja-nos a uma reavaliação. Não há qualquer conotação vulgar nesse beijo e sim, uma prova inconteste de que o amor pode suportar o implacável tempo.

No mundo do culto ao corpo e da busca incessante pela independência financeira, a afetividade perde para a frieza das relações interpessoais.

Enquanto o governo investe em campanhas de uso de preservativo em época de folia, ficando implícito que a troca de parceiro é mais do que natural, ainda existe um casal de idosos que superaram o tempo e o avanço da modernidade, cultivando o apego à intimidade a dois.

É gratificante ver representantes dignos de uma época em que o grande êxtase eram o entrelaçar das mãos, o colo para uma carícia rápida a pipoca no cinema da tarde.

As rugas, o corpo em desnível e o envelhecimento natural não foram capazes de privar aquele casal de um momento surpreendente e cultivado desde os anos de namoro.

Qual seria a receita para a manter a ‘chama’ acesa? Não sei. Mas estou convicto de que enquanto a legislação prioriza o atendimento aos idosos, muitos deles não se escoram nessas benesses para uma acomodação que seria natural. Eles estão investindo na vida a dois, dando uma verdadeira aula de comportamento afetivo.

Devemos investir nas interpessoais e não menos nas conjugais. Isso porque enquanto a mídia aflora a fugacidade dessas relações e o governo acompanha de forma automática, ainda podemos assistir a um casal que quebra o protocolo.atual.

Dito isso, fica a mensagem: não devemos nos esquecer de que uma relação conjugal sólida rende frutos formidáveis à base familiar de onde provêm nossas futuras autoridades.

Um abraço. E um beijo também,...

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