sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Reputação: a pedra de toque do poder


Jornal Terceira Via
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"Com a moral e a ética, ela forma um tripé indispensável para a construção do homem"

A sociedade brasileira acompanha um dos mais importantes julgamentos da história recente do país. Trata-se da Ação Penal 470, popularmente conhecida como “Mensalão”. Nela, está sendo apurada a responsabilidade criminal de diversos homens públicos, como ex-ministros, deputados, dirigentes de empresas e de instituições financeiras.

O artigo não tem o objetivo de discorrer acerca desse tema, até porque o julgamento ainda se encontra em andamento. Todavia, podemos retirar uma vertente para debate de extrema importância: a reputação.

Não basta uma única atitude honesta! É necessária uma série de condutas consideradas honestas.

A classe política brasileira, ao meu sentir, encontra-se em uma fase moral conturbada, onde a sua reputação jamais fora tão contestada.

Não restam dúvidas de que qualquer cidadão, ao ingressar em uma carreira política, está sujeito a ser réu em ações judiciais. Dependendo da ocupação, a própria exposição que o cargo lhe confere e as atribuições inerentes ao posto já são suficientes para que inúmeras demandas sejam propostas contra si.

A reputação de um homem público é sempre cambaleante. Muitos deles não se importam com as consequências de seus atos públicos e privados. Quando despertam para isso, estão maculados pela sociedade e pela mídia.

O ataque à reputação de um homem público é uma arma poderosa, principalmente se o acusador tiver menos poder do que ele. Neste contexto, o detentor de mandato tem muito mais a perder. Devido a isso, estar amparado em bases morais sólidas faz com que os ataques sejam ineficazes e não ensejem repercussão. 

Imperioso lembrar que a reputação é construída desde o seio familiar. Com a moral e a ética, a reputação forma um tripé indispensável para a construção do homem. Quando se faz idônea, facilita o ingresso do homem em qualquer carreira, inclusive na política.

Por outro lado, há aqueles que abandonam os preceitos básicos (ética, moral e reputação) e usam suas competências funcionais de forma irresponsável. São detentores de cargos públicos que assumem postos de chefia com o intuito único de locupletarem. Esses agentes não têm zelo pela imagem tampouco pelas funções a si conferidas. Acreditam na repulsa que parcela considerável da sociedade tem pela política e se escoram nesta premissa para serem esquecidos após o enriquecimento ilícito.

Uma sólida reputação aumenta o campo de ação. Apesar dos inúmeros casos de corrupção vivenciados dia a dia por meio da mídia, são as pessoas públicas, honestas e com reputação ilibada que devemos buscar para nos representar.

Infelizmente, muitas pessoas julgam pelas aparências. Fazem ecoar aos quatro cantos a máxima: “o que não se vê não conta”. Contudo, o que se faz de ilícito, às escondidas, mais cedo ou mais tarde vem à tona e apresenta ao público a verdadeira face de um homem (público ou não).

Existe um ditado popular que retrata o tema Reputação, qual seja: “o poderoso leão brinca com o camundongo que cruza o seu caminho” (qualquer outra atitude prejudicaria sua temível reputação).Vale lembrar Friedrich Nietzsche: “É mais fácil aguentar uma consciência suja do que uma reputação ruim”.

Por fim, indispensável deixar consignado que, na iminência de uma eleição municipal, o eleitor não se deve levar pelo calor das emoções. Deve ter em mente que, passado esse ‘calor’, vêm as dificuldades de um cidadão que, dia a dia, ‘mata um leão para sobreviver’. Fica a lembrança.

Cláudio Andrade

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