Terceira Via
Políticos mudam até de religião na hora de angariar votos
Nos primeiros anos do século XXI, presenciamos a uma massificação da discussão pública sobre as fronteiras entre o religioso e a política, bem como as suas consequências no sistema democrático.
O número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos, segundo os dados do Censo Demográfico, divulgado no último dia 29 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, 26,2 milhões de pessoas revelaram ser evangélicos, ou seja, 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Em 1991, o percentual de evangélicos era de 9% e, em 1980, de 6,6%.
Mesmo diante desse crescimento nítido, o Brasil ainda é um país em sua maioria católica. Segundo o IBGE, o número de católicos caiu 1%, mesmo assim passava de 123,3 milhões em 2010, o que significa 64,6% da população. No levantamento feito em 2000, eles eram 124,9 milhões, ou 73,6% dos brasileiros. A queda foi de 1,3%.
Partindo desse quadro revelador, constatamos que esse ‘rebanho’ tem sido usado por muitos políticos como ‘ponte’ para a obtenção de um mandato eletivo; seja ele na esfera legislativa ou executiva. Muitos desses candidatos saem do próprio seio religioso e outros, sem a menor modesta, intitulam-se seguidores de outra denominação. Isso tem o intuito único de angariar uma fatia desse robusto patrimônio eleitoral advindo das inúmeras denominações de Igrejas existentes no país.
Diversos homens públicos mudam seus conceitos morais e éticos para que a sua visão seja adequada à utilizada naquela linha religiosa. Nesse contexto, não é raro presenciarmos milhares de postulantes a cargos eletivos sendo batizados ou fazendo pregações para centenas de fiéis focados no voto em detrimento à fé.
Centenas de parlamentares sofrem mutação diária. Durante a semana são pregadores do Evangelho, inclusive valendo-se de horários pagos em programas de rádio e televisão para disseminarem suas ideias. Nos fins de semana, transformam-se em políticos agressivos, de língua afiada e que não poupam seus adversários.
A tática do oportunismo da fé pelo voto não é novidade. Todavia, desde o ano de 2000 ocorre um crescimento assustador, principalmente com o avanço de diversas denominações de cunho religioso. Vale ressaltar que esses agentes usam os púlpitos para propagarem uma sensação de insegurança social onde a sua própria ascensão política deve ser encarada como a solução para todas as mazelas.
Vários políticos (do cenário brasileiro) criaram um sistema que insere na mente do povo, principalmente na dos menos favorecidos, a crença de que o voto é troca. Por isso, um cidadão apenas com boas intenções jamais vencerá um pleito eleitoral, pois não tem algo para dar em troca.
Outra preocupante questão refere-se aos debates levados pelos eleitos aos parlamentos. Temas de relevância, como as uniões por casais homossexuais, células-tronco e inseminação artificial, são enfrentados sob a ótica do interesse das lideranças religiosas que financiaram a respectiva campanha. Quando, na verdade, esses temas deveriam ser discutidos sob o prisma do aprimoramento social de uma nação.
Não podemos permitir que as nossas angústias sejam mantidas em ‘estado comatoso’ para que alguns oportunistas possam realizar seus planos individuais de poder, utilizando para tal fim as múltiplas identidades religiosas existentes em nosso país.
Cláudio Andrade
Boa Noite Dr. Claudio.
ResponderExcluirComungo em genero e grau, toda essa sua visão, nessa belissima postagem.
Muitos desses candidatos, são "lobos(fariseus), "vetidos de pele de ovelha". Porém, "eles" em alguma época, terão que prestar contas ao altissimo e certamente o Senhor, os dirá, que não os reconhece.
Paisagismo transforma 40 praças em Campos
ResponderExcluirhttp://www.odiariorj.com/paisagismo-transforma-40-pracas-em-campos/
O contrato com a empresa que presta esse serviço não foi em torno de 40 milhões??? Sabe me dizer? Se forma, seria 1 milhão cada praça, ou estou ruim de matemática?!