sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eleições: a manutenção da pobreza com doses homeopáticas de sobrevida


Jornal Terceira Via



O ponto a ser abordado é a dependência econômica a que se submetem os eleitores


Uma eleição é cercada de diversas nuances que podem desequilibrar o processo eletivo. Neste ano, estamos diante de uma disputa municipal em que iremos votar para cargos de vereador e prefeito. Nas eleições municipais, os eleitores participam - de forma mais significativa - do cotidiano dos candidatos. Contudo, o ponto a ser abordado aqui é a dependência econômica a que se submetem os eleitores, condicionando o voto - um direito sagrado - a benesses e não às suas reais convicções.


Um cidadão livre é aquele que está apto a escolher o futuro do seu município em conformidade com o seu juízo de valor; logo, não deve sucumbir a manipulações nem mesmo a trocas vis.

A Justiça Eleitoral tem avançado no quesito fiscalização. Nas áreas menos favorecidas, a relação “clientelista” é intensa, com a triste negociata do agrado material e do social em troca do voto. Lá, alguns políticos, em meio à extrema pobreza, constroem redutos eleitorais - muitas vezes indestrutíveis.

Neste contexto, observa-se que os discursos preparados por muitos candidatos não visam a ampliar o campo de discernimento do eleitor e sim, a atrelá-lo a favores devido às precárias conjunturas econômicas e educacionais a que estão submetidos.

Não seria leviano afirmar que é estratégia política de muitos a manutenção da pobreza com doses homeopáticas de sobrevida. O suspiro de alívio de uma parcela considerável da população é a tônica para que o discurso messiânico faça a transformação mental necessária.

Os programas sociais, como o “cheque cidadão”, são um exemplo do fornecimento do ‘peixe em detrimento à vara’. O referido programa é bom, traz resultados salutares, mas carece de oxigenação. Tal constatação não visa criar mácula acerca de seu gerenciamento. Entretanto, é nítida a resistência do Poder Público em dar a independência futura aos usuários de tais programas.

Os ‘cinturões de minimização de pobreza’, adotados pelas prefeituras, como a da cidade de Campos dos Goytacazes, são viáveis. Todavia, eternizá-los para ‘prender’ o cidadão a um contexto de programa social acaba por induzir uma leitura política menos independente por aqueles que usufruem dos serviços a eles disponibilizados. 

O site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado do Rio de Janeiro requereu a presença das Forças Armadas para apoio, nas eleições municipais, por entender que o pleito poderá ficar comprometido sem essa valorosa ajuda adicional.

O presidente do TRE adiantou que alguns municípios (com históricos de eleições muito acirradas) receberão atenção especial da força-tarefa; dentre os quais está o município de Campos dos Goytacazes.

Devemos torcer para que, em nossa cidade, o processo de escolha dos representantes torne-se menos atrelado às práticas demagógicas de sustentabilidade de poder. E que ‘os tijolos’, ‘as telhas’ bem como as novas formas de captação, com intuito único de amarrar o eleitor, sejam execradas em respeito ao processo democrático eleitoral. 

Um processo paliativo visando à conscientização do eleitor se faz urgente para que o voto não seja mera ‘moeda de troca’. Esta seria a medida salutar na busca pela independência do ato de votar. 

Cláudio Andrade

Artigo publicado no Jornal Terceira Via
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