O Brasil apesar do crescimento econômico alardeado que nos meus trinta e nove anos de idade ainda tenho dificuldade de vislumbrar possui uma gritante desigualdade social e isso vejo com lentes cristalinas. Todavia, o cerne do presente artigo se refere aos caminhos os quais grande parcela de desprovidos são direcionadas.
Todos os dias assistimos políticos candidatos ou exercendo mandato percorrerem comunidades carentes para assistirem inaugurações de projetos sociais. São casas populares, cheques, bolsas, dentre outras composições conceituadas como integrantes do cinturão de contenção a pobreza.
Tudo bem, mas, na maioria, existem meninos e meninas, crianças e adolescentes tocando tambor, dançando ou lutando capoeira, remelentos, sujos e esquálidos. Toda essa cena acontecendo sob os aplausos efusivos dos visitantes em uma reedição nítida da chegada dos europeus as terras da América.
Cá para nós. O pobre gosta de ler, de estudar. Preferem roupas limpas, salário digno e, em sua esmagadora maioria são éticos e honestos. Mesmo assim, os abastados misturados aos políticos nutrem nas camadas mais deficitárias a idéia do mínimo existencial que, diga-se de passagem, não é aquele expresso na Constituição.
Trata-se do mínimo ordinário. Aquele que ilude a fome, a falta de remédio, de saneamento básico e de segurança. O tambor tão bem tocado aliado à plasticidade da capoeira são métodos ilusórios. Tipo: todos com fome e frio, mas tocando e rindo: talvez rindo de si próprios, quem sabe?
O pobre gosta de um tênis da moda, sonha com restaurantes caros e quer por que quer casar na igreja, ela de branco e ele de terno ‘senador’. Todos esses anseios, a maioria quer obter trabalhando. Um trabalho oriundo de uma boa qualificação, de conhecimento e leitura, pois sabem que a batida do tambor não é milagrosa.
Por questões óbvias não podemos garantir que a felicidade está de pleno aliada a estabilidade econômica, mas uma coisa é certa e arrisco a chancelar: a única coisa que os governos não tiram de nós, é nosso conhecimento. Até os tambores um dia eles irão tirar.
Cláudio Andrade
"Pobre - deveria - gostar mais de ler do que batucar"
ResponderExcluirFaltou o "deveria" no seu título pois pobre não gosta de ler, nem um pouquinho, pelo menos a grande maioria não gosta. Os livros estão lá esperando para serem lidos em uma biblioteca abandonada, mofada aqui perto de casa (que é em outro estado da onde vc mora) E a biblioteca só é sustentada por ter um grupo de hip hop que vive "batucando" lá, ou acho que quase ninguém visitaria ela hoje em dia. Sei disso porque frequentei ela durante anos e ninguém ia visitar os livros.
Bjs da Mel