segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A CULPA NÃO É DA CHUVA

O Brasil mais uma vez sofre as consequências das chuvas de verão. Centenas de pessoas morrem, todos os anos, soterradas, devido ao desabamento de encostas detentoras de construções irregulares. Os nossos governantes continuam batendo na tecla da força maior e adotando medidas paliativas, tornam-se homens públicos sem credibilidade alguma perante a sociedade.


Ao meu sentir, a culpa pelos óbitos é integral do Estado, enquanto ente federativo. Todas as habitações foram construídas sem que o Poder de Polícia tenha sido exercido com vigor pela forças de segurança.


Insta salientar, que nenhum complexo de 500 casas é erguido em cima de um morro num um 'piscar de olhos'. Trata-se de uma posse lenta e gradual realizada por inúmeras famílias que não possuem residência e se fossem pagar por um simples aluguel, não teriam alimentação e por conseguinte, morreriam de fome.


O Estado e as suas secretarias correspondentes nunca arriscaram resolver o problema na sua raiz. Os políticos perderiam um tema apelativo para o palanque eleitoral?


Conceder moradia a todos essas vítimas em potencial nunca foi proposta de governo. Além disso, os moradores não acreditam que deixando o irregular local onde vivem, serão relocados para um lugar digno. Diante do impasse, preferem o risco de morte à incerteza de um teto oferecido pelo poder público.


O Rio de Janeiro é um exemplo clássico disso. A tragédia em Niterói, ocorrida no ano passado, demonstra como os entes federativos são inaptos para solucionarem a questão, afinal, na antiga sesmaria de Araribóia, um bairro foi erguido em cima de um lixão, com a vista grossa dos governantes. Na cidade de Petrópolis, as mortes são garantidas todos os anos, devido a incapacidade dos gestores em tornar as áreas de risco, impróprias para construção.


A tática de culpar a estação das chuvas pelas catátrofes que se repetem é covardia. Trata-se de uma tática mordaz para tentar justificar o injustificável, que se revela mais uma vez na incompetência gestora. Isso não merece perdão.


Os cadáveres retirados da lama são símbolos do lodo administrativo que paira na área habitacional do país. Um teto de risco tornou-se a melhor opção frente as desencontradas ações de contenção de danos planejadas pela maioria dos governos estaduais.


Não sou ingênuo a ponto de acreditar que toda essa problemática possa ser resolvida de forma célere. Entretanto, o problema atual não é a espera pelas movimentações estruturantes e sim a desilusão de que nada teve início ainda. Enquanto isso, mais lama desce e mais pessoas perdem a vida de forma precoce, diante de agentes públicos passivos e inquietos, aguardando somente o próximo pleito eleitoral para desfilarem pelos escombros.

Cláudio Andrade

3 comentários:

  1. Dr. Claudio,

    existe uma onda de mosquitos em Campos, que, com esse calor, torna insuportável a noites em nossa cidade.
    Fora o reaparecimento, em grande estilo, do Aedes aegypti em número ALARMANTE!.
    DESDE SETEMBRO NÃO HA INSETICIDA NO CCZ. REPITO, DESDE SETEMBRO NÃO HA INSETICIDA NO CCZ.
    Estamos caminhando para o pior: em 9 dias, nove casos de dengue...

    Observador atento.

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  2. Doutor, em sua postagem o sr acusa o governo pelas construções irregulares de casas em locais impróprios.
    Mas quem foi que construiu? O prefeito, o governador ou o imbecil do cidadão que resolveu construir sua casa ali porque ele quis?
    Além do mais, na maioria das capitais o que mais tem é espertalhão vendendo terrenos a preço de banana em locais impróprios.
    A população que compra esses terrenos, é leiga, não lê jornal, e as emissoras de tv, não divulgam os nomes das empresas que fazem esse tipo de des-serviço.
    Além do mais, em seus exemplos o sr. esqueceu de uma tragédia ocorrida há bem pouco tempo em um bairro do Rio de Janeiro, onde houve uma explosão que destruiu dezenas de moradias e causou estragos em outras tantas.
    A Defesa Civil condenou o local. A Prefeitura do Rio fez sua parte, levou os desabrigados para um outro bairro distante 30 km do local.
    A resposta dos moradores foi uma só, NÃO!
    Preferiram voltar a morar sob os escombros do que restava de suas casas.
    Por favor dr., só lhe peço que se tiver tempo leia o livro "Fernão Capelo Gaivota" e aprenda a enxergar o outro lado da moeda.
    Nem sempre as coisas são o que parecem ser.
    Quem olha os fatos por apenas um lado é caolho.
    E continue sentindo muito....
    Fui!

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  3. Caro anônimo

    Eu no meu olhar social e vc no seu de governo... quem é realmente o caolho???

    abraços

    cláudio

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oi