sábado, 12 de junho de 2010

ENTRE A BOCA E A INAPTIDÃO FUNCIONAL

A maioria das pessoas contrárias a um governo costumam referir-se aos ocupantes de cargos em comissão e contratados como a 'galera da boquinha'. Isso possui um motivo óbvio: a descrença com o poder público brasileiro. Parece que todos que exercem funções nos entes federativos estão fadados à corrupção, o  que é uma grande injustiça.

O grande problema foi o inchaço dessa classe de contratados e de cargos de confiança. Um dos motivos desse crescimento desordenado e desnecessário é a própria inaptidão de grande parcela de nossa sociedade no quesito laboração.São milhares de formados que não conseguem militar em suas áreas de trabalho e buscam no poder público uma 'bengala' para sobreviver.

Todos nós conhecemos pelo menos uma pessoa que é formada e trabalha ou trabalhava nos entes federativos em outra função. Advogado como auxiliar técnico, veterinário em área de cerimonial, jornalista como acompanhante, administrador como zelador e enfermeiro como motorista são alguns exemplos encontrados em diversas Prefeituras desse nosso Brasil.

Com o surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, com a vigília firme do Ministério Público e com algumas ações firmes da Justiça, a coisa mudou um pouco de figura. Dizer que os flagelos desapareceram seria uma afirmação hipócrita.

Conheço pessoas que estão laborando em determinados entes federativos há mais de quinze anos e por questões diversas foram dispensados de seus serviços e hoje, 'vagam' sem renda alguma e fadados às necessidades múltiplas.

Claro que o caminho mais correto para ingressar em um órgão público é mediante concurso de provas e títulos, mesmo assim, uma massa considerável vive de acordo com os humores políticos e deve ser monitorada com cautela, pois está migrando para a ilicitude e isso é grave demais.

As boquinhas alardeadas podem ser oriundas das facilidades ainda existentes no quesito emprego político ou são reflexos de um grande desespero, onde muitos chefes de família encontram-se desempregados. São verdadeiros escravos das ações afirmativas paliativas que alimentam o presente e obscurecem o futuro.

Não tenho uma verdade absoluta para a simples abordagem que apresento, entretanto, alguma coisa precisa ser feita para que possamos evitar o crescimento dessa classe denominada  'viúvas do sistema'.

Cláudio Andrade   

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