quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"NÃO É TAREFA DA PREFEITURA SALVAR JORNAL"



 Agora, sim, pondo um “fim” na série de artigos, devo reafirmar o que todos sabem e que consiste no “X” da questão que sentenciou o fechamento do Monitor: a perda do Diário Oficial.
   Deixou de abrigar as publicações oficiais do município porque estas eram feitas de forma irregular. Perdeu um privilégio que não deveria ter tido e com o qual se beneficiou porque todos “deixavam prá lá”.
   No tratar da coisa pública – do recurso público – expressões como “privilégio” e “benefício” não têm vez. Mas, no caso do velho órgão, a exceção era feita sob o manto do “...Mas é o Monitor... Fazer o quê?...” Como quem diz: o jornal precisa.
   Mas a verdade é que dinheiro público não pode ser usado para salvar jornal. Mais ainda, a legislação determina protocolo para publicação dos atos oficias – processo de licitação ou coisa parecida - que devem ser feitos no jornal de maior circulação.   E ocorre que o Monitor – recuando apenas 50 anos – não ocupara tal posição em tempo algum.
   Da década de 50 para cá, estiveram à frente na venda avulsa e assinantes, alternando entre si a preferência do leitor, A Notícia, Folha do Povo, A Cidade, Folha da Manhã e O Diário. Pouco interessa se este ou aquele, apesar de não haver dúvidas quanto à liderança da Folha da Manhã nos últimos 30 anos.
   Mas – e aí reside a chave da questão – fosse este ou aquele, o Monitor – tal qual a Folha do Commércio – não foi. Nunca foi. Sempre esteve de fora da disputa não fugindo da condição de jornal de pequena circulação. Arrisco dizer que mesmo os semanários Correio de Campos e Reportagem, que circularam em Campos por quase 30 anos, tiveram maior penetração que o Monitor.
   Enfim, não é tarefa da Prefeitura salvar jornal. Sua obrigação é salvar os pobres das enchentes, salvar os desabrigados, salvar as crianças que passam fome e frio, salvar o precário sistema de Saúde e atuar em tantos outros cenários dos quais deve se ocupar.
   Nem os Associados quiseram salvar o jornal e deram um preço para seu título.   Devemos torcer, agora, para que a bela campanha de arrecadar R$ 250 mil seja vitoriosa. Depois, outra para levantar dez vezes este valor, necessário para a compra de impressora rotativa e demais equipamentos.
   Porque só o título do jornal fechado não basta. Sem parque gráfico próprio e pagando para “rodar”, os custos inviabilizam qualquer publicação diária.


Guilherme Belido.

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