O tenebroso espetáculo, ocorrido em Curitiba e presenciado por todos os brasileiros, remete-nos à seguinte reflexão: o fanatismo possui limites? Agressões, intolerância e assassinatos são sinais de amor ao clube do coração?
O Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014 e não há mais espaço para cenas dessa natureza. Vivemos no país das cuecas, das meias, dos panetones e, agora , dos palcos de guerra futebolísticos.
No Maracanã, aconteceu de tudo. Corrupção, tiros para o alto, crianças perdidas e agressões de todas as espécies. Sem time contrário para o combate tradicional de fim de jogo, era fácil assistir nas ruas do Leblon e da Gávea, flamenguistas contra flamenguistas, no maior exemplo de intolerância.
Como entender o ser humano? Será o futebol uma paixão não passível de descepção? Aqueles que mataram, no Couto Pereira, são os mesmos que agridem seus filhos e suas mulheres. São homens que não toleram receber um não como resposta, pois são dotados de todas as intolerâncias possíveis.
São homens que não resistem a um sinal fechado, à perda de um emprego, ao fim de um relacionamento. Ou seja, são aqueles que depositam, em seu clube, ou melhor, na paixão pelo futebol, as felicidades e as frustrações de seus cotidianos.
A vitória de seu time representa a recompensa pela derrota da vida, pelo fracasso familiar, pela ausência estrutural e pela manutenção da mente viva. Eu venci, pois o meu time venceu!
São aqueles que levam os seus filhos para os estádios para uma aula prática de guerra. Uma guerra interpretada pelos infantes nas escolas, como exemplo de imposição da força em detrimento ao diálogo e ao fair play.
A triste sina dos gramados. Verdes gramas de esperança, no início das partidas, e vermelhas de sangue ao final derrotista de um clube. O rebaixamento vale a vida de um policial ou de um torcedor?
A situação, ocorrida no sul, ocorre em todas as regiões do país. Torcedores do Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Vasco, São Paulo e do Botafogo (só para citar alguns) não são diferentes. Eles são medievais quando vestem as camisas de seus clubes ou de suas torcidas organizadas.
O fanatismo doentio extermina a arte, o belo drible e o orgasmo do gol. Nas aquibancadas, os gritos de amor ao clube sucumbem aos cantos de guerra real, prestes a explodir na derrota de seu clube.
Pobre futebol! Sendo usado para suprir as deficiências do ser humano.
Cláudio Andrade.
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