segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ENTREVISTA COM O DEPUTADO SEM VOTO.


O senhor poderia ter decidido pela continuidade da investigação contra o senador José Sarney?.

Paulo Duque: O presidente recebe a representação contra fulano de tal e a examina. Ele tem o poder, só ele, de, apertando o botão, mandar a representação para o arquivo ou dar prosseguimento. Decidimos 11 processos. Apertei o botão.

Houve pedido favorável ao arquivamento?

Ninguém me procurou. Palavra de honra. Tenho cara feia.

A opinião pública queria o prosseguimento?

A opinião pública foi manuseada no Rio, Brasília, São Paulo e Minas Gerais contra o atual presidente da Casa.

Era um tal de xingar o Sarney.

O senhor não teme a reação nas ruas?

Ao contrário, fui cumprimentado. Ninguém me agrediu.

E as as representações relatavam atos suspeitos?

Eu fundamentei cada processo. Existe acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) dizendo que notícias de jornais desacompanhadas de outras provas não são suficientes para dar seguimento a um processo.

Mas documentos comprovam várias denúncias...

É preciso que essas provas sejam apresentadas. Se isso tivesse ocorrido, é possível que (as representações) prosseguissem.

O senhor mandou arquivar uma representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL)?

O Renan já havia sido julgado. O caso dele chegou ao plenário, que é soberano.

O senhor decide esta semana sobre representação contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). O PMDB assume que é retaliação. É verdade que o senhor vai dar prosseguimento?

Não posso dizer o que vou fazer. Não seria justo fazer pré-julgamento. Pode ser retaliação. Vou decidir baseado nos mesmos critérios.

Os recursos poderiam derrubar suas decisões, mas a oposição não tem maioria na comissão. Isso não aumentou o peso da decisão?

O recurso é decidido pelos 15 membros da comissão, mais o corregedor Romeu Tuma. O prazo é de 24 horas para se interpor o recurso. Joguei para mim toda a responsabilidade.

A sua decisão vai ajudar a pôr ordem na casa?

Não estou alegre com os últimos acontecimentos. Mas acredito que essas decisões vão melhorar o Senado. Sei que no Senado há pessoas poderosas, ex-presidentes, ex-governadores e parlamentares experientes. Mas tenho a responsabilidade da decisão. A comissão não pode se transformar em delegacia. Não é órgão punitivo.

Como o senhor viu os bate-bocas entre os senadores?

Ninguém gostou. Houve quebra do decoro em série. Mas é preciso deixar claro que ali não é a Academia Brasileira de Letras para se tomar chá.

Fonte- O Dia

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