"Hoje li pela primeira vez o blog do médico Erik Shunk. Numa de suas postagens ele se refere à situação do PT de Campos e as ações do governo federal. Não pude deixar de indignar-me com as suas colocações. Erik afirmou que não houve avanços na área educacional do país. No meu comentário enviado ao blogueiro perguntei se ele estava se informado sobre a política educacional do governo. Acho que não.
Para não perder lhe explicitei algumas ações como a aprovação do FUNDEB, que estipula piso salarial para os professores no país. Não é o ideal, mas já um passo importantíssimo. A criação do REUNI, que tem como objetivo reestruturar a parte física e acadêmica das universidades federais, com a contra partida por parte das mesmas, do aumento de vagas, principalmente no turno da noite. A expansão das universidades federais já ultrapassa mais de 50 unidades, entre campi e criação de novas universidades. Ao contrário do governo FHC que aprovou uma lei que proibia a expansão das escolas técnicas, o governo Lula estimula a criação das mesmas, com o objetivo de chegar ao número de 314 unidades de ensino técnico.
Relatei para ele ainda a criação do Prouni já está colocando mais de 500 mil estudantes de baixa renda em faculdades particulares, sem isso caracterizar privatização do ensino superior. Desde a última reforma universitária, realizada pela Ditadura Militar, através do acordo MEC / USAID, as faculdades particulares possuem isenção de impostos, adotando a característica de instituições filantrópicas. O Prouni cobra que em troca da isenção, sejam oferecidas vagas para estudantes de baixa renda. Perguntei-lhe se ele imaginaria que uma negra, moradora de uma comunidade marginalizada de São Paulo, poderia cursar medicina numa das mais caras faculdades do país? Ela será colega de profissão dele e em nenhum momento eu vejo a classe médica do país atentar - se a esse fato, mostrando a importância social do mesmo. Só filho de rico pode estudar medicina e engenharia nesse país?
Concordei com ele no que se refere ao que a articulação fez e faz com o PT, e na estagnação do governo federal em alguns setores, como economia, que ele não citou e saúde. Agora eu pergunto: como avançar nesses setores se os mesmos possuem um forte lobby dentro do Congresso? É claro que esse lobby deveria e dever ser enfrentado. Essa política econômica não faz parte das diretrizes históricas do PT, mas de alguma forma vem dando resultados, principalmente nesse período de crise. O país está sendo bem menos impactado do que no período da política neoliberal. Mais impactado que uma marolinha e bem menos impactado do que um tsunami e você sabe muito bem disso.
Outra questão levantada por ele foi à situação do PT de Campos. Ele afirma que ela não é boa. Para que um partido tenha uma situação boa, não quer dizer que ele tenha que estar no poder. Estar no poder é resultado de ações e táticas, sejam elas corretas ou não. Não defendo que se utilizem táticas incorretas para se almejar o poder, mas não podemos omitir que inúmeros grupos políticos chegaram ao poder utilizando-se delas. Também é óbvio que o objetivo principal de um partido é chegar ao poder, mas a chegada ao mesmo não garante uma noção de estabilidade.
Ainda deparei-me com um comentário de uma leitora, que disse que o PT deveria morrer para mudar. Para ela afirmei que o PT não precisa morrer para mudar e sim que militantes que não compactuam com as ações e táticas da articulação voltem a freqüentar e participar da vida do partido. É assim que iremos mudar o partido.
No mais o meu muito obrigado e votos de boa sorte a todos e até uma próxima oportunidade.
Atenciosamente,
Marcel Cardoso
Presidente do DCE IFF (antigo CEFET Campos),
Tesoureiro e Assessor Político da Federação dos Universitários de Campos
Filiado e militante ativo do PT de Campos".
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