Num país como o Brasil, a pessoa que chega à vida madura com dinheiro para encher a geladeira é considerada uma vitoriosa.
Se a geladeira recheada está assentada sob teto próprio, aí o caso já não será apenas de simples vitória, mas de êxito retumbante.
Agaciel Maia, o diretor-geral do Senado, é um desses brasileiros cujo sucesso retumba. Não mora numa casa qualquer. Não, não. Absolutamente.
Agaciel se recolhe numa residência às margens do Paranoá, em Brasília. Coisa de R$ 5 milhões. Mede 960 metros quadrados. Tem três andares, cinco suítes, salão de jogos...
...A piscina tem os contornos de uma taça. Há campo de futebol e píer para barcos e lanchas. Uma beleza.
Deve-se aos repórteres Leonardo Souza e Adriano Ceolin uma descoberta incômoda. A casa de Agaciel não está no nome de Agaciel.
No papel, pertence ao deputado João Maia (PR-RN). O diabo é que o parlamentar não incluiu o imóvel na declaração de bens que enviou à Justiça Eleitoral e ao fisco.
Confrontados com o mistério, os repórteres foram ao diretor-geral do Senado. E Agaciel:
"Eu comprei, mas não podia pôr no meu nome porque eu estava com os bens indisponíveis...”
“...Então, na época, em vez de comprar no meu nome, eu comprei no nome do João".
A época a que se refere Agaciel é o ano de 1996. A transação imobiliária foi sacramentada por meio de um contrato particular de compra e venda.
Foi a maneira que Agaciel encontrou para esconder do Judiciário a posse do imóvel. Tinha contra si uma sentença de indisponibilidade dos bens.
Por quê? Numa época em que dirigia a gráfica do Senado, Agaciel permitira que quatro políticos imprimissem material de campanha às expensas da Viúva.
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