sábado, 28 de março de 2009

ENTREVISTA COM JOSÉ DIRCEU...



Dilma-2010: [O fato de ela não ser uma militante histórica do PT] pode ser uma vantagem. Ela é mais ampla que o PT. Veio do trabalhismo de esquerda do PDT. É uma das forjadoras do sucesso do governo Lula. O nome dela está consolidado, no PT e na sociedade. O voto feminino vai pesar, assim como a perspectiva de manter o país no rumo em que está. Não tenho nenhuma frustração [por não estar mais à frente da Casa Civil], já que estamos realizando tudo aquilo que sonhávamos.

- Articulador: Quem faz esse trabalho é o presidente do partido. Como militante do PT, estou defendendo a candidatura de Dilma, procurando construir um pacto do PT para a campanha e incentivando as alianças. Em 2008, visitei 13 estados e 15 países, a trabalho ou por razões políticas. Estou retomando o que nunca deixei de fazer.

- Antecipação da campanha: [Dirceu ouvira de Hartung ressalvas à precipitação da atmosfera eleitoral] Concordo que existe uma precipitação perigosa. Precisamos pôr um freio nisso. Temos que enfrentar a crise – que não atingiu tão gravemente o Brasil devido às políticas econômicas do governo –, mas é a prioridade. A segunda é governar as cidades, pois os prefeitos mal tomaram posse. Temos que ter sensibilidade e firmeza, como propõe o governador [Hartung], para não substituirmos a agenda da crise pela da sucessão. Mas é inevitável, porque também há uma prévia no PSDB. [José] Serra é candidato desde criancinha.

- A volta de Delúbio: Votei contra a expulsão de Delúbio por considerar que era um pré-julgamento. Se fosse o caso, o partido deveria suspender a filiação e esperar a decisão da Justiça – que deveria ser em 1ª instância, pois Delúbio e eu não temos foro privilegiado. Foi uma decisão inédita do STF, que até hoje não entendi. E depois querem atribuir a nós a demora do processo. [O retorno ao partido] é um direito que ele tem, líquido e certo. Como ele disse na carta, considera que já cumpriu uma pena muito dura. E não se provou que fez uso de recursos públicos.

- A ‘quadrilha’ do mensalão: Já fui absolvido em dois processos em 1ª instância, em todos os inquéritos e CPIs. A Receita fez uma devassa na minha vida por 17 meses, e recebi um atestado de honestidade. Nós assumimos nossas responsabilidades e respondemos por elas. O que digo é que não tem corrupção e formação de quadrilha. Outra coisa é caixa dois, crime eleitoral ou fiscal que o partido cometeu. Dizer que houve mensalão é inaceitável.

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