quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A DECISÃO DE JOAQUIM BARBOSA ACERCA DO TAC.

DECISÃO: Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar, ajuizada por Alexandre Marcos Mocaiber Cardoso, prefeito do Município de Campos dos Goytacazes, contra decisão do juiz do trabalho da 2ª Vara do Trabalho de Campos dos Goytacazes que, nos autos de ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho, homologou Termo de Ajustamento de Conduta para, em síntese, proibir o município de contratar novos servidores sem a realização de concurso público.

A legitimidade do reclamante adviria - segundo entende - da circunstância de ser réu na mencionada ação civil pública (Fls. 5/6).

Ainda, afirma que a mencionada ação tem por objeto o reconhecimento da ilegalidade de contratações sem a prévia realização de concurso público e que o juiz reconheceu a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o feito.

Alega que a decisão reclamada ofende o decidido por esta Corte na ADI 3.395-MC.

Requer a concessão da medida liminar para que "seja determinada liminarmente a suspensão do feito, com a sustação da eficácia de todos os atos judiciais ali prolatados, inclusive o próprio Termo de Ajustamento de Conduta e a subseqüente execução da decisão que originou a obrigação de fazer" (Fls. 09).

No mérito, requer a procedência do pedido.

É o breve relato.

Decido o pedido de medida liminar.

Sem prejuízo de novo exame por ocasião do julgamento de mérito, reputo presentes os requisitos necessários à concessão parcial da medida pleiteada.

O caso não se refere a pedidos individuais de supostos servidores perante a Justiça Trabalhista, mas à atuação do órgão ministerial que pretende firmar a responsabilidade do administrador público pela realização de contratações para cargos públicos sem a observância de prévia aprovação em concurso.

Nessa análise preliminar, parece-me que a decisão reclamada vai parcialmente de encontro ao que ficou decidido no julgamento da medida cautelar na ADI 3.395, visto que a ação civil pública em curso na Justiça do Trabalho de Campos dos Goytacazes aparentemente versa sobre relação jurídico-administrativa estabelecida entre o Poder Público municipal e seus servidores, contratados sob o regime temporário.

Como observou a Corte por ocasião do julgamento da Rcl 4.990-MC-AgR (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, DJe de 14.03.2008 "no julgamento da medida cautelar na ADI n° 3.395/DF, entendeu o Tribunal que o disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária, entendida esta como a relação de cunho jurídico-administrativo. Os contratos temporários firmados pelo Poder Público com base no estatuto jurídico de seus servidores submetem-se ao regime jurídico-administrativo. Não compete ao Tribunal, no âmbito estreito de cognição próprio da reclamação constitucional, analisar a regularidade constitucional e legal das contratações temporárias realizadas pelo Poder Público."

Em sentido diverso, contudo, as relações formadas entre os empregados e as empresas que se dispõem a prover mão-de-obra para terceirizar serviços não são de típica conformação jurídica-estatutária ou jurídica-administratriva (cf. Rcl 5.722, rel. min. Cezar Peluso, DJe de 03.09.2008). Por tal razão, as disposições do TAC pertinentes às terceirizações (cláusulas 8º a 11 - Fls. 146-157) escapam ao âmbito do que ficou decidido por ocasião do julgamento da medida cautelar na ADI 3.395.

Por outro lado, vislumbro a existência do periculum in mora, considerada a amplitude do Termo de Ajustamento de Conduta reclamado (e.g., "O Município de Campos obriga-se a não mais realizar, por qualquer meio ou forma, contratação de trabalhadores por tempo determinado, sem prévia aprovação em concurso público [...]" - Fls. 140).

Ante o exposto, concedo parcialmente a medida liminar tão-somente para suspender os efeitos do Termo de Ajustamento de Conduta firmado na Ação Civil Pública 01498-2005-282-01-00-2, até o julgamento final da presente reclamação. A medida liminar que ora se concede não alcança as cláusulas do TAC relativas à terceirização (cláusulas 8 a 11).

Comunique-se o teor desta decisão à autoridade reclamada. Em seguida, abra-se vista dos autos ao procurador-geral da República.

Publique-se.

Brasília, 29 de setembro de 2008.

Ministro JOAQUIM BARBOSA

Relator

9 comentários:

  1. Nossa... dar p/ alguém explicar essa decisão?

    Afinal, voltaram ou não voltaram?

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  2. Dá. Continua tudo como antes.

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  3. rápido e objetivo... kkkk... valeu anônimo, por me responder...

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  4. Penso ser muito séria a divulgação de uma notícia desse cunho em um jornal.A decisão não autoriza retorno de ninguém, apenas cancela liminarmente a alínia b do tac, onde diz ser proibida contratação, Mesmo assim, apenas por não ser de jurisprudência do MPT. Para contratar, tem que ter concurso. Arnaldo conseguiu...todos os jornalecos de Campos divulgaram a falsa notícia da volta dos contratados...lastimável. Esses jornais não tem advogados para assessoria não!???

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  5. Coitados dos terceirizados, além de ser demitidos nos lugares dos fantasmas,são usados no final da campanha numa atitude desesperada do Arnaldo Vianna, ainda diz que é o prefeito do coração.Todos deveríamos gritar: CHEGA,CHEGA,CHEGA.........

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  6. Diante do post colocado do blog do cleber tinoco, fonte da decisão do min. joaquim barbosa
    fico surpreso com a quantidade de boatos sobre o assunto.
    De qualquer maneira, percebo uma falta de ética com relação a PMCG,
    que deveria informar realmente os fatos acontecidos.
    Parece que estão querendo usar politicamente a situação, esquecendo-se que pessoas estão envolvidas no processo.
    Inacreditável !

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  7. JOAO OLIVEIRA , ROBERTO BARBOSA, FERNANDO LEITE , ALEXANDRE MOCAIBER.
    TODOS HOJE NO PROGRAMA DE OLHO NA CIDADE AFIRMANDO QUE TODOS VOLTAM A TRABLHAR ATÉ SEGUNDA.

    ACORDA JUSTIÇA ELEITORAL !!!!!!!!

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  8. O que está acontecendo em Campos gente? Cadê a Justiça eleitoral? Tem que intervir rapidamente, essa eleição está correndo o risco de ser aquele fiasco de 2004. Que bagunça... E isso tudo promovido por esse povo que se diz do bem, de Arnaldo Vianna. Olha, esse homem tem que sumir de Campos. É inacreditável tamanha maldade... E as pessoas iludidas. Ui, dá nojo! Temos que dar um passa fora nesse sujismundo.

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oi