domingo, 27 de abril de 2008

O PAI: A TERCEIRA PESSOA.

Tenho filhos, resido em apartamento, tenho tela de proteção nas janelas e dissabores conjugais naturais como em qualquer relacionamento. Mesmo assim, não seria capaz de orquestrar um cenário anormal que vitimaria os seres mais importantes de minha vida: os meus filhos.
Como todos brasileiros, fiquei esperando uma terceira pessoa. Parece que ainda temos um ‘fio’ de ingenuidade neste ‘mundo cão’, onde, cada vez mais, reinam pessoas ferozes e completamente desajustadas.
Partindo das análises periciais, pai e madrasta orquestraram, em aproximadamente doze minutos, o fim de Isabella. Agressões no carro, asfixia no apartamento e queda do sexto andar. Mesmo assim, o anjo resistiu mais alguns segundos; acredito que para viver os seus últimos momentos terrenos.
Minha grande frustração é que a terceira pessoa é exatamente o pai. Uma mistura de homem fera? Uma junção de temperamentos explosivos e violentos? Sei lá! O que angustia é que ele teve tantas oportunidades de salvar a sua filha. Até matar a sua esposa (a madrasta) seria um ato concebível (opinião subjetiva) diante do bem maior (sua filha).
Mas ele optou pela atuação covarde. Aliou-se aos seus mais terríveis desejos e junto a uma madrasta cheia de interesses vis, criou um cenário que impossibilitou uma criança de seguir os seus caminhos naturais de vida e crescimento.
Qual a motivação desse crime? Sinceramente não consigo imaginar uma sequer! Era a sua filha, seu sangue. Para ela, ele era seu pai, amigo, fortaleza, e quem sabe, referência. Desguarnecida, deve ter assistido atônita às agressões e profundamente chocada, à conivência daquele que deveria dar a vida por ela.
Apesar do farto material probatório, não podemos, em respeito ao Contraditório e à Ampla Defesa, condená-los previamente. A sociedade e a imprensa já fizeram isso. Quem conhece as searas do Júri popular sabe bem que tudo pode acontecer. Ouso dizer que até a absolvição deles é possível. O que nunca será possível é entender a alma humana. Às vezes generosa; outras, tão macabra!
Postada por Cláudio Andrade.

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